ciencias
Marcelo Weishaupt Proni
O propósito deste artigo é contribuir para as discussões sobre a profunda transformação do mundo do trabalho nos países economicamente mais avançados ao longo dos séculos XIX e XX. Certamente, trata-se de um assunto muito vasto e complexo, que não pode ser examinado exaustivamente em poucas páginas, uma vez que remete a temas polêmicos, tais como: a trajetória da classe operária, o funcionamento do mercado de trabalho num regime liberal, a evolução da estrutura ocupacional, a expansão e crise do movimento sindical, os impactos da inovação tecnológica e da reorganização produtiva, a necessidade de regulamentação do padrão de emprego, o papel das políticas públicas de emprego e de redistribuição de renda. Em razão disso, optou-se por fazer ponderações em torno de duas teses recorrentes na literatura especializada. Embora não seja possível dar voz aos diferentes intérpretes que contribuíram para os debates acadêmicos sobre essas teses, nem esgotar as considerações pertinentes sobre as mesmas, espera-se que o artigo colabore para o entendimento de questões centrais relativas ao estudo do trabalho no campo da história econômica.
O texto está dividido em duas seções, cada uma destinada a examinar uma tese. A idéia básica que fundamenta a primeira seção é que o trabalho foi se metamorfoseando com a evolução recente do capitalismo, desde a Revolução Industrial até a "era da globalização", sendo importante ter em mente certos aspectos cruciais, como as implicações da transição da etapa concorrencial para a etapa monopolista, assim como os limites da regulação pública dos mercados em cada período. Mas, para entender a construção de novos significados e representações sociais para o trabalho, assim como sua centralidade na organização da sociedade capitalista e na definição da questão social, é essencial conhecer o contexto histórico – ou, pelo menos, as condições sociais, políticas e culturais