Ciencias
RICARDO CARDOSO MENEZES
O texto “Expressões do racismo ambiental em populações tradicionais negras no litoral Sul da Bahia” apresenta, por meio de uma pesquisa documental e pela observação direta das comunidades negras do litoral Sul da Bahia, fatos que comprovam o racismo ambiental que essas populações sofrem. Entre os argumentos se encontram a precariedade dos serviços públicos prestados a essa população, uma vez que a infra-estrutura e o saneamento básico oferecidos estão muito aquém dos oferecidos para as demais comunidades ao redor.
Os autores apresentam a definição de justiça ambiental, onde são compreendidas as dimensões sociais, éticas ambientais e de desenvolvimento. Assim, apresentam argumentos que comprovam a existência desse preconceito socioambiental e classicista nas comunidades negras do litoral Sul da Bahia, muitas vezes disfarçado pelo mito da democracia racial brasileira. Diversos programas de combate a esse preconceito são apresentados, como: Laikos, Kàwé (Núcleo de Estudos Afro-baianos Regionais), PRODEMA/UESC (Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) e demais, que demonstram os riscos graves à saúde das comunidades negras no litoral Sul da Bahia por conseqüência deste preconceito ambiental.
O texto baseia-se, sobretudo, na existência de um racismo histórico, fundamentado na suposição ideológica de um grupo social sobre outro, por elementos culturais ou físicos. Tal ideologia foi testada e “comprovada” por cientistas brasileiros, como Nina Rodrigues, no século XIX, apontando que: “a miscigenação seria causa do atraso no desenvolvimento da nação brasileira (BRYM, 2006)”. Tempos depois, já no século XX, escritores brasileiros apresentaram essa miscigenação como fundamental para identidade cultural brasileira, reconhecendo as habilidades dessa cultura, como o samba e o futebol, e concomitantemente criando o mito da democracia racial, entretanto, para o autor Florestan Fernandes, esses escritores