Cidades Contempor Neas
Uma relação estreita e necessária entre cidade e arquitetura pode ser evidenciada desde o Renascimento. No dizer de Giulio Carlo Argan, a arquitetura do Renascimento consagrou o edifício como monumento, como obra de arte instauradora do espaço urbano. Conforme este autor, Vasari referiu-se à magnífica cúpula de Santa Maria del Fiore, obra notável de Bruneleschi, observando com precisão que “Vendo-se ela elevar-se em tamanha altura, que os montes ao redor de Florença parecem semelhantes a ela”.
Neste período, os desenhos da arquitetura e do espaço da cidade nasceriam conjuntamente do traço dos arquitetos, que concebiam o espaço real como espelho de seu simulacro perspectivo e matemático. A arquitetura e o desenho da cidade se encontravam relacionados à perspectiva e à racionalização proporcionada pela geometria e interpretação matemática da realidade, que constituíam as bases e os fundamentos para a atuação do arquiteto.
O assinalar desta relação encontramos também nos Tratados, começando no Renascimento e chegando ao século XIX. Os tratados militares (séculos XVI e XVII), que proveram normas para os traçados urbanos, muralhas e estratégias de defesa também pensaram as relações entre a forma da cidade e o estabelecimento da arquitetura.
Ignasi de Solà-Morales argumenta em favor da presença histórica do objeto de nosso interesse, ao lembrar que as catedrais, os templos, os grandes conjuntos públicos dos séculos XVII e XVIII sempre incorporaram a forma dos edifícios a intencionalidade urbana. Este autor menciona a imbricação entre cidade e arquitetura como uma relação inapelável, própria da natureza social de uma e de outra.
No entanto, embora seja possível realizar este trajeto histórico, em se tratando da cidade contemporânea o entendimento da relação de que nos ocupamos parece nem tão evidente, pois é necessário precisar os termos cidade e arquitetura.
O texto Primeira Lição de Urbanismo de Bernardo Sechi