Cidadania ambiental
Maurício Waldman
Apenas recentemente a cidadania ambiental ingressou no ternário de interesse de grupos, povos e classes sociais. Sua proeminência junto ao cenário social é tão recente quanto a própria questão ambiental, que passou a reclamar as atenções da sociedade global apenas nas últimas décadas do século XX, arrastando neste movimento urna série de questões com ela relacionadas. Originalmente restrita ao movimento ambientalista, a questão ambiental está hoje em dia pautada como tema obrigatório nos mais diversos segmentos de opinião. Esta assertiva evidencia-se pelo próprio fato de o meio ambiente marcar presença na agenda dos chefes de Estado, organizações não- governamentais (ONGs), populações tradicionais, grupos rurais e urbanos, sindicatos, empresas, associações comunitárias e administrações públicas'. O motivo principal de a luta pela preservação da natureza ter conquistado tamanha magnitude é a crise socioambiental sem precedentes que atinge o planeta. Ressalve-se que, nessa assertiva, pouco há de drástico. Indiscutivelmente, a crise ambiental da modernidade inscreve-se juntamente com o elenco de questões fundamentais a serem enfrentadas pelo conjunto da humanidade. Esta crise é de tal ordem que poucos colocam em dúvida que a biosfera esteja integralmente ameaçada. Considera a australiana Lorraine Elliott, especialista em Ciências Políticas na área ambiental: caso algo não seja feito nos próximos anos, corre-se o risco real de presenciarmos uma espécie de ‘`ponto de não-retorno ambiental", pelo que a estarrecedora situação que hoje conhecemos seria apenas o preâmbulo de desastres iminentes ainda mais aterradores'. Ao contrário do passado, quando as crises ambientais eram geralmente sucedidas pela revitalização do entorno natural circundante, a crise atual não sugere nenhuma recuperação posterior ao esgotamento dos ciclos biológicos dos ecossistemas. Em outras palavras, coloca-se como fato objetivo a