Ciclos Econ Micos
Na visão de Mises a taxa "natural" de juros é aquela que predominaria num livre mercado de capitais, equilibrando a oferta existente de capital poupado e a demanda por investimentos. Para realizar novos investimentos produtivos, antes é necessário acumular capital, ou seja, fatores de produção. No entanto, a mentalidade vigente parte da premissa de que uma redução na taxa de juros será sempre desejável, ainda que obtida por meios artificiais. Fala-se em "escassez de dinheiro", confundindo-se dinheiro com capital, como se mais dinheiro vindo do além pudesse gerar mais investimento produtivo de forma sustentável. Isso não passa de uma grande ilusão. Existem duas maneiras de se criar dinheiro artificial: impressão de papel moeda pelo governo e emissão de crédito bancário sem lastro. Os bancos podem reduzir artificialmente as taxas de juros por intermédio de meio fiduciário, emitindo notas e cheques além da quantidade de depósitos à vista. Somente o primeiro é inflacionário. O "dinheiro fácil" criado por esse mecanismo pressiona as taxas de juros para baixo, criando a falsa sensação de prosperidade. Investimentos que antes não pareceriam rentáveis pela taxa "natural" de juros agora se tornam atraentes. Recursos são desviados para esses investimentos ruins e indesejados, adicionando mais lenha na fogueira, sustentando assim o clima de euforia. A inflação dura somente enquanto as pessoas acreditarem que ela será temporária. Assim que os agentes se convencerem de que a inflação não irá parar, eles fogem do uso dessa moeda, correndo para "valores reais", como moedas estrangeiras, metais preciosos ou até escambo. Cedo ou tarde, portanto, a crise deve inevitavelmente estourar, como resultado de uma mudança na postura dos bancos ou dos agentes. Quanto mais tarde for esse ajuste, mais doloroso ele será, pois maiores serão os estragos causados na fase de bonança artificial.
Segundo Mises, o principal fator por trás dessa ilusão coletiva é