Ciclo da água
Lundu do escritor difícil
Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.
Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.
Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que pára no Mato Grosso,
Bate este angu de caroço
Ver sopa de caruru;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!
Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bajé, pixé, chué, ôh "xavié"
De tão fácil virou fóssil,
O difícil é aprender!
Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu caçanje!
Você sabe o francês "singe"
Mas não sabe o que é guariba?
— Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja. Mário de Andrade
1. Identificar características da linguagem modernista.
A linguagem se reflete de uma forma mais nacionalista nos textos do autor Mário Andrade, pois ele vê a importância de valorizar o modo de falar dos brasileiros, empregando assim, palavras idênticas ao jeito de falar do povo. E há também uma rejeição em relação à arte tradicional e às regras preestabelecidas na cultura. Dessa forma, é lançada uma nova proposta de linguagem nos textos, como é visto no poema “Lundu do escritor difícil” em: “pixé, chué, ôh "xavié"”.
2. Identificar contexto cultural.
O contexto cultural está ligado ao momento de crescente modernização, industrialização e transformações no país e é a partir do acontecimento da comemoração do centenário da Independência do Brasil, que os modernistas viram a oportunidade de divulgar as novas tendências estéticas nos campos da arte, literatura, música, entre outros.
3. Identificar intencionalidade e mensagem.
No primeiro verso, Mário Andrade revela ser