Chriestiane F

Difícil encontrar hoje alguém por volta dos 30 anos que não tenha tido contato na adolescência com a história de Christiane F., a mítica personagem incrívelmente real cujo livro arrebatador narrou suas desventuras no meio das drogas aos plenos 13 anos de idade.
A história é incrível e dolorosamente real. Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída… virou um best seller mundial instantâneo e colocou sua autora na mira dos holofotes. Daí surgiria o filme, que também foi um enorme sucesso.
Isso foi há 35 anos atrás. Confesso que eu levei muito tempo para ler livro e ver filme. Embora soubesse dela desde adolescente (todos os meus amigos idolatravam Christiane F.), eu tinha medo da história, achava pesada demais. E realmente é, como descobri muitos anos depois ao finalmente conferir livro e filme.
Mas, hoje, que fim levou Christiane F.? É o que a própria busca responder em Eu, Christiane F., a vida apesar de tudo, lançamento da Bertrand Brasil que a Editora Record gentilmente me enviou para leitura.

Aos 51 anos, Christiane F. hoje pena com uma saúde debilitada, mas preserva uma mente incrivelmente lúcida, trazendo um livro tão interessante e bem escrito quanto o primeiro. Duzentas e poucas páginas dão conta de trazer até nós a realidade do que houve com ela após o sucesso estrondoso da sua biografia precoce – e de cara já notamos que a coisa não mudou muito.
Com o dinheiro obtido com os direitos de sua história, Christiane investiu em imóveis e fundos de poupança e viajou muito. Conheceu muitas pessoas, teve um grande amor e um filho. Nada disso a ajudou a superar o vício em heroína que continua até hoje, seja por meio dos tratamentos de substituição, seja pelas inevitáveis recaídas. Ainda assim, Christiane tem agora uma maturidade de se aceitar como é, de se entender como uma viciada crônica e seu livro é um presente para nós leitores e admiradores da sua história, pois vemos que, a seu modo, ela está bem.

Christiane F. hoje, aos 51 anos – Foto: