Chico xavier
Prefácio
Observando o que se passa no mundo, onde a violência, a crueldade, a corrupção, a maldade, a hipocrisia, parecem haver tomado conta de tudo, você se pergunta como Deus permite que pessoas inocentes, bondosas e honestas sejam forçadas a suportar essa convivência. E a noção da injustiça e o medo vão estabelecendo uma descrença progressiva que como um vírus destruidor vai contaminando as pessoas, inferiorizando-as e colocando-as como vítimas indefesas da sociedade. Julgando defendê-las, você briga com a vida, procura os culpados, deseja vêlos punidos e, dedo em riste, vai tentando descobri-los entre os políticos, os jornalistas, o governo, os artistas, os escritores, os militares, os sindicatos, os empresários, etc. Dentro desse processo, é fácil ir para o âmbito pessoal e culpar o patrão pela sua falta de dinheiro, a esposa ou o marido, pela sua infelicidade, os pais, os amigos, a crise, a recessão, a poluição, a sorte. Para o que sofre, sempre haverá um culpado. A culpa tornou-se um elemento fundamental. Somos todos muito rigorosos quanto a isso. Quem fez deve pagar. E prazerosamente, divulgamos casos onde as pessoas que erraram, pagaram pelos seus erros. E o que dizer da mea-culpa? Quem cultiva a culpa, costuma ser um cobrador inveterado de si mesmo. Entretanto, a moral cósmica é muito diferente. Tendo militado nas leis da Terra, custei muito a compreender isso. Mas agora eu sei que somos todos inocentes. Diante do quadro que você tem diante dos olhos, talvez não concorde comigo. Mas, eu sei que o que você quer mesmo, é melhorar as suas condições no mundo, melhorando a sociedade. Se é o que deseja, comece a perceber que a culpa nunca contribuiu para isso,
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nem a punição jamais conseguiu consertar ninguém. Cada um tem um nível que lhe é próprio e vai agir de acordo com ele. Será inútil exigir de alguém algo que ainda não pode dar.