Cesio 137
O maior acidente radioativo em área urbana do mundo com o césio 137, ocorrido em 13 de setembro de 1987, em Goiânia, completa 25 anos nesta quinta-feira com muitas feridas ainda abertas. Preconceito, omissão do Estado e dor são os principais relatos das vítimas, que perderam parentes, amigos e, muitas delas, a vontade de continuar vivendo.
Cerca de 50 pessoas ainda convivem com as marcas físicas deixadas pela tragédia. Odesson Alves Ferreira, presidente da Associação das Vítimas do Césio, conta que todos são discriminados até hoje. "Para nós, o acidente continua acontecendo. Tem gente que tem a capacidade de perguntar se nós brilhamos à noite."
Assim como ele, muitos dos atingidos deixaram de receber assistência médica integral e até medicamentos indicados. O diretor-geral do Centro de Assistência aos Radioacidentados (Cara), André Luiz de Souza, afirma que a unidade está bem estruturada, apesar de sofrer com deficit de remédios. Segundo ele, a esperança é de que o fundo de saúde do Estado seja aprovado, e, com isso os procedimentos sejam desburocratizados.
O centro possui 1.015 cadastros de pessoas que tiveram algum contato com a radiação. A maioria, aproximadamente 80%, pertence ao chamado grupo 3, de pessoas que trabalharam na descontaminação e atendimento aos afetados diretamente pelo acidente. Mas atualmente, segundo relatos do representante das vítimas do césio 137, nem os pacientes do grupo 1 recebem tratamento adequado.
O presidente da associação das vítimas relata ainda que pessoas afetadas pela radioatividade desenvolveram câncer, principalmente leucemia e de mama, com o passar dos anos. Especialistas na área não confirmam a relação da doença com a exposição, e dizem que os estudos são superficiais, pois contam apenas com relatos de pacientes.
O médico José Ferreira, especialista no cuidado de vítimas do césio 137, conta que depois de todos esses anos de acompanhamento, em nenhum momento essas pessoas apresentaram riscos. Ele lembra que