Cenários da crise financeira
A crise econômica mundial se intensificou nos últimos meses, trazendo maiores impactos sobre a economia brasileira. A crise financeira do final da década passada viu os governos dos principais países elaborarem um conjunto de políticas a fim de conter seus efeitos deletérios. Um dos principais elementos dessa resposta resultou de articulação do chamado G-20 1. Em fins de 2008, quando eclodiu o período mais agudo da crise, o G-20 tomou a si o tema da administração da crise, do salvamento do sistema econômico e financeiro que ruía sob um mar de turbulências oriundas da especulação financeira, e da recessão econômica. Desse modo, buscou-se tratar a crise financeira não como resultado de uma conjuntura específica, mas sim como um processo sistêmico e multifacetado.
No primeiro momento, houve a tentativa de sustentar uma base ideológica e política para a retomada de uma intervenção mais ativa e coordenada dos Estados Nacionais, visando praticar uma nova regulação no sistema financeiro, em razão dos desajustes promovidos pelo capitalismo, particularmente depois das reformas liberalizantes e da desregulamentação instauradas desde os anos 1980. Em seguida, observou-se que grande parte da ação dos
Estados Nacionais se concentrou na recuperação de empresas e instituições financeiras, que estavam em dificuldades, de modo de garantir a sobrevivência e a manutenção do capitalismo financeirizado. A paralisação dos agentes econômicos não apenas retardou a recuperação, principalmente dos países desenvolvidos, como também reforçou a lógica atual do sistema capitalista financeirizado. Esta lógica ampliou a integração entre o capital financeiro e produtivo, com a complacência dos Estados Nacionais, e reforçou a divisão internacional de trabalho que foi sendo desenhada desde os anos 1980. Nesse cenário, a desenfreada concorrência global motivou uma progressiva “exportação” das indústrias dos países