Censos no Brasil: um breve panorama.
O primeiro Censo Brasileiro foi realizado em 1872, ainda durante o império. Deste, ao censo de 2000, foram várias as transformações ocorridas. No geral, se olharmos apenas os pólos (o primeiro e o último censo), veremos que foram inúmeras as perguntas acrescentadas. Algumas delas, fruto do aumento da própria complexidade social e outras, da demanda e pressão advinda de grupos específicos.
Nesse intervalo histórico (1872-2010), o Brasil passou pelas mais profundas transformações políticas, econômicas e sociais. Saiu do império e se tornou república, “acabou” com o trabalho escravo, incentivou, recebeu e enviou milhares de migrantes, repetiu continuamente em sua política um movimento pendular com pólos em um sistema político centralizado e outro descentralizado, se industrializou, construiu um grande aparato estatal, fez uma modernização conservadora de sua agricultura, se urbanizou, construiu universidades, concentrou renda, formou bolsões de pobreza, “conquistou-se” direitos, “cercearam-se” direitos, “minimizaram” o Estado e etc. Os censos podem nos fornecer, como é comumente propagandeado, um “retrato” dessas transformações. Mas não seria ele também, produto dessas transformações? Não teriam os seus formuladores, tirado o “retrato” daquilo que lhes parecia importante naquele momento? E em diferentes momentos, a quem servia essas informações? Nos afastando de qualquer perspectiva que pregue essa pretensa neutralidade, acreditamos que os Censos, ao tempo que nos fornece a base para uma apreensão dessas transformações, é também, em si, objeto dessas transformações.
O Censo de 1872
Em 1872, ainda durante o império, é realizado1 o primeiro Censo Demográfico Brasileiro. É importante lembrar, num esforço de se entender melhor as categorias observadas, que nesse período, havia ainda no país o regime de trabalho escravo. Nessa ocasião, perguntou-se aos escravos e também a população branca sobre seu grau de “instrução”, se