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(Dorival Donadão. Consultor de Empresas. (Publicado n’O Estado de S. Paulo. Caderno de Empresas, 28 set. 1991)
"Nós vamos precisar de muita criatividade para enfrentar as turbulências da economia". "Nosso pessoal de vendas precisa ser mais criativo". Estas e outras frases, ouvidas em nossos contatos com empresas de diversos setores, exemplificam a preocupação com algo em que todos nós acreditamos e que todos, igualmente, não sabemos muito bem como praticar: a criatividade.
Cantada em prosa e verso como a grande saída para quaisquer dificuldades, a criatividade é difícil de ser objetivada, mesmo porque quem a pratica de fato não tem necessidade nem paciência para explicar ou justificar sua origem.
De qualquer forma, uma coisa é certa: a criatividade é irmã siamesa da mudança. Uma não sobrevive sem a outra. O "motor de arranque" da criatividade é a disposição natural para alterar; o inconformismo, a propensão para o novo e o gosto pelo inédito. Por esse raciocínio é possível começar a responder a questão colocada no início deste artigo.
É difícil ser criativo porque as pessoas tendem a não provocar mudanças. E só é criativo quem provoca mudanças. Roger von Oech, no seu livro Um toque na cuca, diz que só quem gosta de mudança é bebê molhado. Isso explica, em parte, a dificuldade de as pessoas explorarem seu potencial criativo: antes é necessário não ter medo de mudar. Em seguida, vêm os usos e costumes que estão ar-raigados em nossa educação e que criam verdadeiros antolhos em nossa percepção. Para ser criativo é necessário desaprender tudo que está armazenado em nosso porão de verdades definitivas e passar a olhar as coisas ao nosso redor com os óculos de uma criança que está sempre perguntando o porquê de tudo.
Perceber a realidade de uma forma não usual é outro elemento fundamental do processo criativo. Um livro alemão do começo do século conta que que há muito tempo um adolescente procurou um rabino, querendo converter-se ao