Catadores de Materiais Recicláveis: da rejeição à inclusão social
Catadores de Materiais Recicláveis: da rejeição à inclusão social1
Edane de Jesus França Acioli - Université Paris 3 Sorbonne Nouvelle em cotutela com a Universidade Federal do Pará
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Texto originalmente publicado no XXVIII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ALAS 6 a 11 de setembro de
2011, UFPE, Recife-PE no Grupo de Trabalho: Desigualdade, vulnerabilidade e exclusão social.
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Introdução
O papel do catador na formação histórico-social do espaço brasileiro, especialmente nas cidades, ainda não tem sido um assunto de interesse da produção geográfica. A dinâmica de transformações vividas por esses sujeitos urbanos faz parte de nossas indagações, principalmente porque, entender o processo de exclusão e inclusão social associado ao espaço-territorial vivido por esses atores em diferentes momentos históricos é fundamental para compreender grande parte do processo histórico do lixo e da reciclagem dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.
Inicialmente, os catadores de lixo eram como animais confundidos com os rejeitos humanos, vivendo em lixões, catando lixo para sobreviver. Trajetória traçada por desafios estruturais, sociais e ambientais, uma vida de exclusão e vulnerabilidade social. Essa realidade que marcou a história do Brasil e de muitos países da América Latina se apresentou sob várias facetas no decorrer dos últimos trinta anos no país. Catador de rua que abri sacolas a procura de restos de comida e utensílios de valor, que aos poucos foi atraído pelo lixão, trabalhando e vivendo no mesmo, tendo esse espaço enquanto lugar de produção econômica e de reprodução social, ainda que vulnerável e salubre.
Todavia, o catador de lixo começou a aparecer nas mídias nos últimos dez anos como um agente social e ambiental que contribui com a sociedade através da coleta de materiais recicláveis, evitando que os mesmos sejam despejados e acumulados dentro dos lixões e aterros das cidades. A partir do ano 2000 houve em favor do catador uma