Casos
Os desafios éticos da cidadania e da democracia em tempos de globalização
“Descolonizar é olhar o mundo com os próprios olhos, pensá-lo de um ponto de vista próprio”, diz a narradora do documentário de Sílvio Tendler “Encontro com
Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá” (2007), logo à sua abertura.
Muitas vezes, consumimos notícias sobre o que se passa no mundo ou em nossas próprias comunidades sem nos perguntarmos por que certos fatos são considerados notícias, de quem é a perspectiva a partir da qual esses fatos são interpretados e o que pode estar sendo silenciado com a contínua divulgação de certas interpretações. No entanto, para podermos olhar o mundo através de nosso próprio prisma, a informação e o conhecimento que acessamos não deve ser recebida acriticamente (não deve, portanto, ser consumida). Para olhar o mundo com os próprios olhos, não devemos nos contentar com as imagens e o vocabulário das agências que sustentam um processo colonizador.
Devemos, sim, fazer um esforço para conhecer outros pontos de vista a fim de que nossa interpretação acerca do que se passa não esteja sob o controle rígido e insuspeito de algumas agências de informação. Ora, isto não é nada fácil quando constatamos, assistindo ao documentário selecionado, que 6 empresas (apenas 6 empresas!) controlam 90% do mercado de mídia internacional.
Apesar de todas as dificuldades deste quadro de monopólio da informação, o ponto importante a ser observado (e que deverá ser continuamente enfatizado neste nosso quarto encontro) é que o desenvolvimento e a incessante proliferação das novas tecnologias acabaram por oferecer condições para a democratização da própria informação, à medida que, agora, permite a uma população que vinha sendo, normalmente, apenas o objeto passivo da narrativa de outros exprimir-se, agora, nos seus próprios termos e descrever sua situação de seu próprio ponto de vista. Em outras palavras, as novas tecnologias propiciam