Caso o botcário

CASO O BOTICÁRIO

Crescimento Sustentável _ Reportagem da Revista Exame (09 de abril de 2003)

O empresário Miguel Krigsner, dono do Boticário, um dos maiores fabricantes de cosméticos do país, pede licença para sair da sala e interrompe a entrevista pela segunda vez. É mais um telefonema urgente, avisa a secretária. Do outro lado da linha, pode estar um gerente instalado na Cidade do México, onde o Boticário abriu a quarta loja há três meses. Ou a diretora de vendas que está, naquela quinta-feira de março, às voltas com centenas de franqueados numa convenção em Atibaia, no interior de São Paulo. A agenda de Krigsner, de 53 anos, anda atribulada. Nos próximos meses, sua atenção deverá se voltar para a abertura de 60 lojas no Brasil e acompanhar o planejamento de outras 90 que deverão pipocar em território mexicano nos próximos cinco anos. Essa é a parte visível -- e atraente -- do crescimento do Boticário, que nasceu em 1977 como uma pequena botica curitibana, criada por Krigsner, então recém-formado no curso de bioquímica.

O lado menos glamouroso -- nem por isso menos relevante -- é a tentativa de conciliar a cultura de expansão acelerada com um planejamento minucioso e o controle de eficiência. Nos últimos seis anos, a despeito da desvalorização cambial acumulada, as vendas do Boticário registraram um aumento real de quase 50%. A empresa faturou 134 milhões de dólares em 2002, com a produção de 52 milhões de unidades de perfumes, cremes e maquiagem. Sua rede de 2 200 lojas próprias e franqueadas movimentou quase 370 milhões de dólares. O lucro e a rentabilidade do patrimônio, no entanto, não acompanharam a evolução (veja o quadro abaixo). Atualmente, recuperar as margens tornou-se tão ou mais premente que manter o crescimento. "Já vivemos uma fase em que tínhamos de crescer a qualquer custo, e alguns desperdícios eram tolerados", diz Krigsner. "Agora perseguimos o resultado ao final de cada mês."

SEM MAQUIAGEM

Nos últimos seis anos, as vendas