Caso dos exploradores da caverna defesa
Em posse do conhecimento dos acontecimentos por conta da repercussão na mídia, era de se imaginar que fosse acabar pousando em minhas mãos este caso extraordinário. As mais diversas opiniões me chegaram aos ouvidos. Os clamores do público indignado, ou mesmo piedoso e leigo, surgiam de toda parte como burburinhos de mesa de bar quão impressionante era a abrangência do assunto. Minhas idéias retorceram-se pelos mais sinuosos caminhos e confrontavam-se com repulsa mútua tão grande a ponto de pensar marcar consulta a psiquiatras. Com o caso em mãos, vejo minhas suspeitas, a respeito de um suposto esclarecimento e calmaria nos pensamentos, estavam equivocadas.
Meus colegas assumiram posições corajosas em ambos os lados do incidente. Até o atual momento em que redijo estas linhas, não possuo uma posição a respeito do caso. Nunca imaginei que fosse presenciar, quanto mais participar, de evento com conseqüências, possivelmente, tão avassaladoras. A única certeza, porém, é que a condenação à forca seria um tanto paradoxal, tendo em vista que os esforços para o prezo da vida foram absurdamente grandes – incluindo enormes mobilizações e o preço de 10 mortes. No entanto, minha certeza firma-se justamente no ponto que não me cabe tocar, obrigando-me a voltar à resposta objetiva de sim ou não para algo tão subjetivo.
As condições descritas são excepcionais. A dúvida e receio na hora do contato com os réus, ainda enclausurados, retrata o sentimento dúbio de ímpeto para salvar vidas e de repúdio à prática da morte (observado com a resposta à antropofagia do médico a Whetmore e a posterior recusa de opinião por parte do próprio médico, juízes e sacerdotes presentes quando questionados sobre a moralidade da possível futura ação). A questão exposta, ainda em vida, pela vítima, explicita a preocupação prévia quanto aos acontecimentos, penas, preconceitos quando fosse-lhes cedida a liberdade. Atento, assim, que os prisioneiros tinham uma