Caso de josé roberto - neurose obsessiva compulsiva
Quando José Roberto resolveu me procurar, acerca de dois anos atrás, contava nessa época com 37 anos. Trazia em sua bagagem existencial muito sofrimento e angústia, e uma certa descrença prévia que dizia que a psicanálise não poderia ajudá-lo em seu desconforto.
Era solteiro e morava com a mãe, junto com sua irmã mais velha e seu cunhado. Seu pai havia morrido há seis anos atrás, fato que acabou por agravar e intensificar os sintomas obsessivos compulsivos, culminando em sua internação na ala psiquiátrica do Hospital das Clínicas, onde permaneceu por quatro meses.
Mesmo antes da morte do pai, José Roberto foi procurar ajuda médica para seus estranhos sintomas, e há 10 anos atrás foi diagnosticado como portador do Transtorno Obsessivo Compulsivo. A partir daí diversos medicamentos foram tentados (Clomipramina-Anafranil; Fluoxetina-Prozac; Sertranil-Zoloft, entre outros), infelizmente os sintomas persistiram e acabaram por se solidificarem, levando o paciente cada vez mais a um isolamento social.
Quando o pai ainda era vivo, embora já sentisse a ação da obsessão compulsiva, conseguia controlá-la. Trabalhava como protético no consultório do pai, embora tenha admitido durante o tratamento que não gostava da ocupação profissional.
Com a morte do pai, José Roberto abandonou o serviço e confinou-se em sua casa, o que veio a agravar e intensificar os sintomas obsessivos compulsivos. Ficava preso por horas no banheiro e, ao sair, o ritual continuava levando, por exemplo, o infeliz a demorar 40 minutos ou mais para colocar uma simples cueca, pois um pensamento recursivo lhe suscitava a dúvida se a peça íntima fora colocada do lado certo.
Tinha uma preocupação exagerada a tudo que se referia à religião, pois lhe vinha à mente a idéia de que se não prestasse atenção em coisas sagradas seria seriamente castigado por Deus.
Em seu quarto havia uma Bíblia dada pela sua mãe, que era foco de muitos de seus rituais. Tinha uma