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Jogo rápido: Como o francês Casino vai mudar o jeito do Pão de Açúcar fazer negócios.
Por José Roberto Caetano
A partir de setembro, o empresário Abílio Diniz, presidente e principal acionista do grupo Pão de Açúcar, terá cada vez mais oportunidade de pôr à prova as aulas de francês que vem tomando duas vezes por semana desde abril. No começo do mês, Diniz viajará, com alguns de seus executivos, à cidade de Saint-Etienne, no sul da França, onde está localizada a sede do grupo Casino (pronuncia-se cazinô), o novo sócio do Pão de Açúcar. Depois, será a vez de Diniz receber em São Paulo, pela primeira vez, Jean-Charles Naouri, o controlador do Casino, quarto maior grupo de varejo da França. Com mais de 5 000 lojas em nove países, o Casino faturou 16,5 bilhões de dólares no ano passado. “Vamos começar a desenhar com eles o intercâmbio de idéias e de pessoal em todas as áreas”, diz Diniz.
O Casino acertou, na madrugada do dia 10 de agosto, a compra de 21% do capital da rede Pão de Açúcar, a segunda maior do varejo no Brasil, com vendas de 4,3 bilhões de dólares em 1998, segundo a Melhores e Maiores, da EXAME. Pagará pela participação um valor próximo de 1 bilhão de dólares. Pelo contrato, os franceses também têm a opção de aumentar sua fatia para 35%, no prazo de cinco anos, pagando mais 670 milhões.
Para o Pão de Açúcar, a associação com o Casino trará algumas mudanças significativas. Uma delas é conceitual: pela primeira vez em mais de meio século, a família Diniz irá admitir que alguém de fora palpite no seu negócio. “Há mais de cinco anos já prevíamos admitir um sócio estratégico”, diz Diniz. Até agora, pertencia à família a totalidade das ações com direito a voto da empresa, fundada em 1948 pelo imigrante português Valentim dos Santos Diniz, pai de Abílio e atual presidente do conselho de administração (no final de 1995, o grupo abriu seu capital nas bolsas, mas lançou apenas ações sem