Case ASMARE
Belo Horizonte no mundo do trabalho do catador da ASMARE∗
Sonia Maria Dias
PBH/Secretaria Municipal de Limpeza Urbana
Palavras-chave: gestão pública, cidadania, catadores, resíduos sólidos.
1- INTRODUÇÃO
A recuperação de materiais a partir do lixo é uma atividade milenar. Desde os tempos antigos os destituídos sociais vêm sobrevivendo graças a recuperação das sobras da sociedade, sendo, contudo, retratados como marginais e vagabundos. Ou seja, aos indivíduos que trabalham com o lixo
sempre foi imputada uma imagem social
extremamente negativa.
Em Belo Horizonte, há registros históricos de catação de lixo que se remontam ao final da década de 30. Até 1975, com a criação do aterro sanitário1 da cidade, a deposição do lixo coletado era feita a “céu aberto” na chamada “Boca do Lixo”, no bairro Morro das Pedras, onde mais de 300 pessoas disputavam o que podia ser aproveitado entre os caminhões coletores. Portanto, com a criação do aterro municipal a catação de recicláveis na cidade passou a ter no espaço da rua o seu locus privilegiado, já que o acesso ao referido aterro passou a ser controlado, misturando-se o segmento que realizava esse trabalho – os chamados catadores de papel – ao morador de rua
“clássico” (representados pela figura do andarilho e do mendigo).
Este artigo examina os impactos do Projeto de Coleta Seletiva em parceria com a
Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável – ASMARE, implementado pela Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte sobre o mundo do trabalho dos catadores de papel associados.
∗
Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.
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O aterramento sanitário é uma técnica de disposição final de resíduos sólidos (lixo) urbanos no solo, com recobrimento diário de material inerte e a