Sociologia
O caso dos catadores de recicláveis*
20/09/2014
Colégio Estadual Edmundo Rocha
Ademir Filho
Introdução
Notadamente, as reflexões geográficas registradas em revistas e livros acadêmicos têm considerado os catadores como parte de três temas mais amplos, relacionados a debates sobre (a) formas alternativas de geração de renda para trabalhadores ditos “excluídos” (Santos, 2002; Dias, 2002),
RBCS Vol. 23 n.o 67 junho/2008
Este artigo é resultado parcial da pesquisa “A organização capitalista do trabalho ‘informal’: um estudo sobre os catadores de recicláveis do Extremo Oeste do Paraná”, desenvolvida com o apoio material e financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — CNPq. Na fase do levantamento e da produção de dados, essa pesquisa contou com as contribuições dos alunos inscritos na Iniciação Científica:
Cíntia Fiorotti, Sônia Pelisser, Maralice Maschio,
Fernando Henrique de Souza Paz e Francisco Voll.
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(b) construção de “novos sujeitos” (Couto, 2000;
Adissi, 2003; Gorbán, 2004) e (c) saúde pública
(Ferreira, 2001; Porto et al., 2004). No campo das ciências humanas e sociais, as duas primeiras abordagens têm sido predominantes e, não raras vezes, são apresentadas articuladamente a partir de uma visão que percebe o trabalho dos catadores como
“marginal” ao processo de acumulação de capital
(Cesconeto, 2002). Essa interpretação geralmente tende a apreender o catador como um “trabalhador por conta própria” que negocia livremente o produto de seu trabalho.1 Algumas dessas abordagens, quando lidam com o trabalho dos catadores organizados em cooperativas, chegam a conceituálo como alternativo à economia de mercado e à lógica da produção capitalista, enxergando-o como uma nova expressão da resistência e da sobrevivência de uma numerosa população trabalhadora socialmente excluída