Casa de pedra
Rossini Fonseca Silveira1
Resumo
Este artigo enfatiza as relações existentes entre os processos de produção da fala e da escrita, observando que, apesar de se tratarem de naturezas distintas da linguagem, as recorrências, em ambas, são frequentes. Não se pretende, porém, estabelecer diferenças entre as habilidades de fala e escrita, de fato, ressalta-se que a hipótese da derivação entre as naturezas é mais reveladora que suas particularidades, suscitando uma importante ferramenta para a interpretação das adequações dos dois processos nos ambientes escolares.
Palavras-chave: Língua falada. Língua escrita. Estrutura. Processos de produção.
Relações. Comunicação.
Introdução
Um dos princípios fundamentais da linguística moderna é o de que a língua falada é mais básica do que a língua escrita. Isto não significa, entretanto, que a língua deva ser identificada com a fala. Na medida em que, qualquer falante alfabetizado pode escrever o que fala ou ouve, ou pode falar o que está escrito, percebe-se que a língua tem a prioridade de passar por uma transferência de meio.
Entretanto, na observação de muitas produções escritas é notória a utilização de marcas da oralidade, fato que torna o texto dependente de contexto e sem significação para o leitor. Estas marcas são comumente representadas por vícios de linguagem, hesitações e seleção dos elementos de coesão textual que promovem a orientação do texto escrito pelo tópico discursivo, característica da oralidade, e não pelo tópico frasal.
É fato que os linguistas sentem-se na obrigação de corrigir os vícios da gramática e do ensino tradicional da língua e que, até pouco tempo, os gramáticos vinham se preocupando quase exclusivamente com a modalidade da língua escrita. Inúmeras foram as vezes que trataram as normas de padrão culto (escrita) como normas de correção para a própria língua, condenando o uso coloquial na medida em que diferia do uso padrão,