Cartão Recomeço
Com benefício de R$ 1.350 para famílias de usuários, governo Alckmin joga responsabilidade para prefeitos e faz cortina de fumaça para encobrir o fracasso de sua política antidrogas, diz deputado estadual petista
No último dia 9, o governo de São Paulo lançou o projeto que cria o Cartão Recomeço. Um cartão com R$ 1.350,00 de crédito mensal para famílias que possuem dependentes de crack usarem exclusivamente em clínicas credenciadas de reabilitação. Rapidamente apelidado de “Bolsa Crack”, a ideia do projeto é suprir a ineficiência de instituições públicas que deveriam assumir o tratamento, caso houvesse uma política séria para essa questão em nosso estado.Trata-se, portanto, de uma medida paliativa que, mais uma vez, pretende arcar com os custos de serviços particulares para tapar com a peneira a escassez de investimentos públicos na área. Além disso, o valor da bolsa é baixo perto do custo real de um tratamento adequado, sem contar que a proposta pode fomentar um ‘mercado’ de tratamento da dependência química e servir a interesses políticos e privados escusos.Já havia alertado anteriormente sobre o risco da judicialização de questões de saúde pública, especialmente após a instalação de um plantão judiciário no Centro de Referência de Tabaco, Álcool e Outras Drogas (Cratod), ao lado da “cracolândia”. Segundo o governo, cerca de 650 pessoas foram internadas após o atendimento no Cratod. Mas a pergunta que não quer calar é: internadas onde e como?Em 2011, apresentei uma proposta de emenda constitucional estadual (PEC 09/2011) que dá nova redação ao artigo 230, responsabilizando o Estado pela internação dos dependes químicos, com a oferta de unidades terapêuticas que garantam tratamento, mas resguardando o direito de livre adesão. Essa medida visa a obrigar o Executivo estadual assumir a responsabilidade pela solução de um problema social agravado ora pela ausência ora pela implantação de políticas públicas equivocadas que