Carta favor vel a Era Vargas

São Paulo, 13 de Agosto de 1968
Caros leitores,
Por meio desta carta, deixo aos interessados um pequeno testemunho sobre o que vivi na Era Vargas. Há quem diga que foi um período de perseguições e torturas, mas esta é apenas uma das faces do governo de Getúlio e esquecem de evidenciar os benefícios que foram concedidos ao país durante seus mandatos. Eu, particularmente, tive minha vida revigorada e melhorada pelas oportunidades que me foram oferecidas na época.
Com minha família, vivia em uma situação de vida precária, em que morávamos de favor na casa de uma prima nossa no campo, trabalhava para os fazendeiros locais, sem direitos, recebendo apenas o salário que estavam dispostos a me pagar, com horas excessivas de trabalho, sabia apenas desenhar meu nome, minha esposa recebia ainda menos do que eu no seu serviço, simplesmente por ser mulher, além de meus filhos não terem a oportunidade de estudar. Isso tudo mudou com a Constituição de 1934, a qual instituiu as leis trabalhistas.
Os direitos regulamentados chegaram ao campo através da intervenção do regime militar, e como já me pagavam justamente, junto com o 13º e a igualdade de salário entre os sexos, eu e minha mulher pudemos economizar para nos mudarmos para a cidade, pois lá haveria melhores condições de vida. Estava acontecendo a modernização do parque industrial. A oferta de emprego era alta, portanto, conseguimos ser contratados rapidamente. Nossos filhos foram colocados em uma escola publica, e minha esposa e eu entramos para o Mobral, programa de aulas destinadas a quem não teve a oportunidade de aprender a ler e a escrever. Compramos nossa casa com a ajuda do Banco nacional da Habitação (BNH), que financiava casas populares, cuja taxa de juros era baixa e o prazo para pagar era longo.
Com todos esses avanços em beneficio do povo, foi possível ajudar muitas famílias e tira-las da miséria, assim como aconteceu comigo. Hoje estou estabelecido, já com meus 60 anos, meus filhos com trabalhos bem