carnaval e administração publica
O PAPEL DOS GOVERNOS LOCAIS
NA CONFIGURAÇÃO DAS FESTAS
Fernando Burgos Pimentel dos Santos
Fatores culturais e sociais sempre estiveram presentes nas análises sobre o carnaval brasileiro. Mais recentemente, fatores econômicos da festa também começaram a ter visibilidade. Neste artigo, analisam-se os carnavais brasileiros sob a perspectiva da atuação da administração pública em relação às festas. Mais especificamente, focalizam-se os carnavais do Recife (PE), Rio de Janeiro
(RJ) e Salvador (BA). [abstract on page 278]
CARNAVAL, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, POLÍTICA
CULTURAL, ECONOMIA DA CULTURA.
SANTOS, Fernando Burgos Pimentel dos. Carnaval e administração pública: o papel dos governos locais na configuração das festas. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p. 6174, nov. 2010.
SANTOS, Fernando Burgos Pimentel dos. Carnaval e administração pública
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INTRODUÇÃO
Vinculadas inicialmente, nos anos 30, ao Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, foi a gestão do ministro Gustavo Capanema (1934-1945) que propiciou apoio dos órgãos governamentais à produção e à difusão cultural. Nesse período de intenso relacionamento entre intelectuais e governo, o Estado utilizou-se da Cultura até como meio de propaganda do regime, na tentativa de formação de uma identidade nacional.
Desde então, tanto as gestões presidenciais quanto ministeriais trataram de forma diferente a questão cultural. Passando por períodos de democracia e de ditadura militar, as políticas culturais sofreram processos de continuidade e descontinuidade, tanto de programas quanto de instituições, que eram extintas e criadas para atender às novas diretrizes de governo. Em 1985 finalmente, ocorre a “independência” em relação à Educação, e é criado o Ministério da Cultura. A área sofre novo revés cinco anos mais tarde, quando, no governo Fernando Collor de Mello, perde sua condição ministerial, retomada, entretanto, dois anos depois, assim