Caravaggio: discussoes sobre signos e mitos
Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos.
Realização Curso de História – ISSN 2178-1281
AMOR VITORIOSO (1601-1602)
DE CARAVAGGIO: DISCUSSÕES SOBRE SIGNOS, MITO E
DESMITOLOGIZAMENTO
Rodrigo Henrique Araújo da Costa1
RESUMO
Em Amor Vitorioso, um anjo cupido desvencilha-se dos símbolos terrenos, pisando-os. Tais símbolos representam as forças religiosas e políticas do mundo, forças sobre as quais triunfa.
A tela foi requerida ao pintor italiano Caravaggio, no início do século XVII, por um mecenas privado da alta sociedade romana chamado Vicenzo Giustiniani, e seria inspirada na famosa frase de Virgílio “O amor tudo vence; também nós cedamos ao amor” (Écloga X, 69). O pênis do cupido foi retratado pelo artista no centro da tela e no foco do observador. Nada camufla ou reprime o corpo deste púbere, nada disciplina sua vontade em estar livre, aberto e feliz. O
Amor Vitorioso é exemplo do que almejara seu encomendador, mas é reflexo do que
Caravaggio expressava subjetivamente, e, em amplidão, é reflexo da Idade Moderna.
Caravaggio faz uma mudança de abordagem abrupta, de uma configuração cristã para outra pré-cristã ou pagã. Amor Vitorioso é um amor profano, foge do religioso e das convenções.
Ademais, o sexo do cupido está completamente exposto como temática, trazendo muitas outras questões e debates como a Reforma, o prazer, a dor, o Barroco, o drama, a estética, o homem entre os séculos XVI e XVII. Trataremos isso perante o Indiciarismo, a Iconologia, a
Cultura Artística e os conceitos de mito e desmitologizamento. O trabalho que segue é uma propositura de análise.
PALAVRAS-CHAVE :
Amor Vitorioso; Caravaggio; Mito; História da Arte.
O “Amor Vitorioso é a única pintura mitológica de Caravaggio destes anos (...) executada em 1601-1602 para Vincenzo Giustiniani [...] [e representa] um cupido alado”
(SCHÜTZE, 2010, p. 122, grifo meu). Qual motivo pictórico leva esta