Caramuru FM: a rádio comunitária do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe
7069 palavras
29 páginas
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoXXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Curitiba, PR – 4 a 7 de setembro de 2009
Caramuru FM: a rádio comunitária do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe1
Ricardo Oliveira de FREITAS2
Lucineide Magalhães de MATOS3
Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Ilhéus, Bahia
Resumo
Recursos de comunicação têm sido utilizados como ferramentas para a promoção da interação sociocultural, construção de projetos identitários e fortalecimento de patrimônios culturais. A Rádio Caramuru FM, ao expor as formas com que o rádio, caracterizado como mídia alternativa e comunitária, pode ser utilizado como ferramenta de resistência às culturas hegemônicas, é exemplo. O trabalho resulta das investigações acerca dos modos com que a Rádio tem sido utilizada como mídia contra-hegemônica, ao analisar as formas com que o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe produz conhecimento, enquanto saber tradicional, em diálogo com culturas urbanas e complexas, através da implantação de programas radiofônicos que remetem à tradição e, simultaneamente, às influências da grande mídia, através de conteúdos hegemônicos.
Palavras-chave
Rádio comunitária, comunicação indígena, mídia e etnicidade.
Início: Bom dia comunidade!
Através das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa e Estudos em
Mídias Alternativas e Midiativismo – GUPEMA, temos analisado, nos últimos três anos, formas e modos de comunicação concretizados a partir de iniciativas de comunicação autóctone (comunitária) elaboradas na região Sul (Baixo Sul e Extremo
Sul) da Bahia4. Nosso interesse por tais formas de comunicação deve-se ao entendimento, com base nos produtos (finalizados), de que estas invertem a clássica lógica atribuída às populações periféricas e minoritárias5, ao contemplar modos de vida que não são necessariamente urbanos ou suburbanos, aos moldes das recorrentes representações em mídia que constantemente lhes atribuem