capitalismo
Publicado em: Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, n. 33, out. 2012, p. 5-37
Pedro Cezar Dutra Fonseca
Cássio Silva Moreira
Resumo: O artigo mostra que, embora em contextos econômicos distintos e com marcantes diferenças políticas e ideológicas, há notáveis semelhanças entre o projeto econômico do governo João Goulart (1961-1964) e o Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) do governo Ernesto Geisel (1974-1979). Para tanto, utiliza como fontes primárias os documentos oficiais sobre o Plano Trienal e o II PND, além das mensagens presidenciais ao Congresso Nacional de ambos os períodos, onde os mesmos são expostos e justificados. O artigo sugere que uma racionalidade histórica parece se impor ao constatar que, uma década depois de interrompidas pelo golpe militar, muitas propostas, como o avanço da industrialização para os bens de capital e intermediários e os investimentos na área de energia, são retomadas e consideradas imprescindíveis diante da fragilidade que o país se encontrava após o choque do petróleo.
Introdução: Uma das proposições mais marcantes e radicalmente iluminista do pensamento de Hegel, e ainda demarcadora de approaches nos estudos epistemológicos, é o entendimento da história como um processo racional. Com o idealismo que lhe era peculiar, assumia que na história o espírito é uno e idêntico à natureza, o que lhe confere o caráter racional e necessário de seu processo (Hegel, 1969, p. 39-40). A máxima “o que é racional é real e o que é real é racional” impõe a necessidade da identidade entre razão e realidade e desconfia do contingente e das “coincidências históricas”: “Os fatos constitutivos desta história não são aventuras, do mesmo modo que a história do mundo não é uma história romanesca; não é uma coleção de fatos contingentes, de viagens de cavaleiros errantes que se batem ao acaso (...) há um nexo essencial no movimento do espírito pensante, onde domina a