Capital so
Capital social - notas provisórias
PIERRE BOURDIEU
Tradução: Denice Bárbara Catani e Afrânio Mendes Catani
Revisão técnica: Maria Alice Nogueira.
Fonte: Bourdieu, Pierre, "Le capital social- notes provisoires", publicado originalmente in Actes de
Ia recherche en sciences sociales, Paris, n. 31, janeiro de 1980, p. 2-3.
A noção de capital social impôs-se como o único meio de designar o fundamento de
efeitos sociais que, mesmo sendo claramente compreendidos no nível dos agentes singulares - em que se situa inevitavelmente a pesquisa estatística -, não são redutíveis ao conjunto das propriedades individuais possuídas por um agente determinado. Tais efeitos, em que a sociologia espontânea reconhece de bom grado a ação das "relações", são particularmente visíveis em todos os casos em que diferentes indivíduos obtêm um rendimento muito desigual de um capital (econômico ou cultural) mais ou menos equivalente, segundo o grau em que eles podem mobilizar, por procuração, o capital de um grupo (família, antigos alunos de escolas de "elite", clube seleto, nobreza, etc.) mais ou menos constituído como tal e mais ou menos provido de capital.
O capital social é o conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-reconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns
(passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis. Essas ligações são irredutíveis às relações objetivas de proximidade no espaço físico (geográfico) ou no espaço econômico e social porque são fundadas em trocas inseparavelmente materiais e simbólicas cuja instauração e perpetuação supõem o re-conhecimento dessa proximidade. O volume do capital social que um agente individual possui depende