cantigas
TROVADORISMO – CANTIGAS MEDIEVAIS
O que se convencionou denominar Era Medieval, na literatura portuguesa, corresponde ao período histórico conhecido por Baixa Idade Média, que se estende do século XI ao XV.
Para fins didáticos, divide-se a Era Medieval em dois grandes períodos literários:
TROVADORISMO, que caracteriza os séculos XIII e XIV;
HUMANISMO, que caracteriza o século XV e início do XVI.
1189 (ou 1198?) é a provável data da Cantiga da Ribeirinha (ou da GUARVAIA), de Paio Soares de Taveirós. Supõe-se que esta seja a mais antiga das composições conservadas nos cancioneiros.
Cantiga da Ribeirinha
No mundo nom me sei parelha mentre me for como me vai, ca ja moiro por vós e ai! mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia. Mao dia me levantei que vos entom nom vi fea! E, mia senhor, des aquelha me foi a mi mui mal di’ai! E vós, filha de Dom Paai Moniz, e bem vos semelha d’aver eu por vós guarvaia, pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós ouve nem ei valia d’ua correa.
non me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim. mentre: enquanto. branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o rosado do rosto. retraia: pinte, retrate, descreva. en saia: sem manto. que: pois dês: desde semelha: parece d’aver eu por vós: receber por seu intermédio. guarvaia: manto luxuoso, provavelmente vermelho, usado pela nobreza. alfaia: presente valia d’un correa: objeto de pequeno valor.
Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas cultas, quase sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I, Martim Codax, D. Afonso X, de Castela, e D. Dinis. As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelo jogral, pelo segrel e pelo menestrel, artistas agregados às cortes