Campo de SC
161
Sociedade civil e espaços públicos no Brasil: um balanço necessário
Evelina DAGNINO (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo, Paz e Terra/Unicamp, 2002. 364 páginas.
Cibele Saliba Rizek
Como pensar os anos de 1990 no Brasil?
Quais são seus temas centrais, seus desafios e suas dificuldades? Que embates conceituais se colocam a partir dessas reflexões? Quais categorias e quais objetos de investigação permitem a percepção das novidades e dificuldades? Essas são algumas das questões que o livro organizado por
Evelina Dagnino coloca em discussão no âmbito das ciências sociais. Há, em sua organização, uma seleção e uma composição temática que permitem ao leitor percorrer o caminho proposto, repleto de questionamentos que se articulam por uma pergunta mais geral: quais são a natureza e os dilemas da democratização brasileira? Em outros termos, qual o resultado das novas relações entre sociedade civil e Estado no Brasil? A autora discute, assim, como os avanços no processo de democratização se articulam às velhas questões que marcaram historicamente as relações entre sociedade e política na cena brasileira.
O que primeiro chama a atenção é a diversidade temática que percorre os relatos e as análises de cada capítulo: orçamentos participativos e suas peculiaridades locais; conselhos gestores de políticas públicas; atuação das organizações nãogovernamentais; fóruns temáticos – em especial o
Fórum de Reforma Urbana; MST em suas relações com o Estado nos programas de alfabetização do
Paraná; Conselho Cearense de Direitos da Mulher; e, finalmente, semelhanças e especificidades entre os países do Cone Sul e o México, em seus desdobramentos recentes. A diversidade temática é parte constitutiva da reflexão, o que distancia o livro das montagens, cujo único mérito é o de abrigar objetos de pesquisa de articulação duvidosa.
Em Sociedade civil e espaços públicos no Brasil,
eles aparecem em constelação, o que