Caetana diz não (RESENHA)
Universidade de Brasília – UNB
História do Brasil II – Professor Marcelo Balaban
Pedro Victor Oliveira da Silva – 10/0066224
Na obra Caetana diz não, de Sandra Lauderdale Graham, publicada em 2005 pela Companhia das Letras a autora busca reconstruir a partir de fontes jurídicas, sem necessariamente se limitar a elas, dois casos ligados pela centralidade das relações de gênero no desenvolvimento dessas histórias, expressos, em uma, na perturbação do patriarcado contestando, ou melhor, se opondo à autoridade masculina enquanto que na outra ele é confirmado em função do papel do homem como protetor da mulher, estabelecendo-se assim relações de dependência desta para aquele e, consequentemente, de hierarquia, isto dentro da lógica de uma sociedade que seguia uma determinada ordem na qual todos sabiam – ou ao menos deveriam saber – seu lugar.
O primeiro caso conta a história de Caetana uma escrava que foi forçada por seu senhor a se casar, ela se opõe, porém acaba cedendo à vontade dele talvez por julgar maiores suas chances de resistir contra a própria família e o marido ao invés do senhor. Essa resistência gerou oposição violenta dos homens de sua família e omissão das mulheres, restando à jovem recorrer ao senhor, que volta atrás em sua decisão, chegando a buscar a anulação do casamento, e por ela intercede reafirmando sua autoridade sobre os cativos; o segundo caso diz respeito ao testamento de Dona Inácia e as dificuldades e implicações que dele surgiram. Inácia era uma senhora de escravos oriunda de uma família de grandes proprietários de terra e escravos, umas das que fundaram o Vale Médio do Rio do Paraíba “a história dela ilustra a formação de uma poderosa elite fazendeira” (p.119). Essa senhora – por não ter herdeiros obrigatórios pôde além de conceder liberdade à cativa Bernardina e seus filhos, deixar-lhes terras e alguns escravos, contudo, por ser analfabeta e deixar a administração de sua fazenda nas mãos de seu