bunda
Oh matriarca das dores antigas, comigo estás sempre a valsar as danças do horror, as danças da decadência e da miséria; e disso tudo minh’alma transborda. A cada passo dessa dança eterna vida e virtude abandonam-me; constantemente tenho sido consumido pelo tempo, o mais terrível e sarcástico devorador de tudo o que há, grandiosa potestade a qual nada nem ninguém resiste.
Frágil e doce garoto de porcelana não te atentes a minha triste imperfeição aqui tão notável; enquanto te maravilhas com as novas coisas que descobres neste mundo, nada aqui é novo a mim e apenas espero que tudo neste mundo doentio se acabe, minh’alma tão antiga clama por redenção em iminente constância, em meu rosto taciturno nenhum riso se abre. Em meus raros momentos de paz imagino-me noutro lugar, um lugar onde não possuo carne, um lugar onde a dor me desconhece, onde estou pairando contigo sobre montanhas e atravessando fronteiras, onde nossas almas suspensas tornaram-se livres para voar e conhecer prazeres jamais descobertos em carne.
Este lugar não poderá ser alcançado pelas frias damas do espaço oposto e este lugar não existe no plano ao qual estou contido, minha única esperança é encontrar-lhe lá no dia em que eu morrer e como desejo... Oh como desejo atravessar os portais deste mundo, eu os atravessarei para encontrar meu amor, que um dia foi levado numa trapaça; levado ao inalcançável onde toda alma sofre em solidão, onde os cadáveres são habitados pelos mais desprezíveis vermes.
O tempo fez-me lento e tornou minha mente débil; eu estou girando em torno, mas não consigo, eu não consigo lembrar-me de como trazê-lo de volta e a única forma é encontrá-lo onde os espectros nos observam com fome.
Não há um pingo de beleza residindo aqui na carne