Bullying
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu.
Coragem para a luta.” O trecho acima, que abre o romance O Ateneu, lançado em 1888 por Raul Pompéia, permanece um clássico escolar. Para muitos, ir ao colégio demanda valentia. Isso se deve a um tipo de violência que é antiga, mas vem sendo popularizada sob o conceito de bullying – palavra inglesa que significa intimidar e atormentar e vem preocupando cada vez mais as escolas brasileiras. Embora não haja números oficiais, a prática de atazanar colegas – muitas vezes confundida por pais e educadores com uma simples brincadeira – já envolve 45% dos estudantes brasileiros, segundo estimativa do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), organização com sede em Brasília. O índice está acima da média mundial, que variaria entre 6% e 40%. Contra o bullying, as escolas investem em estratégias de prevenção, com solução pontual dos conflitos. Conforme a gravidade, algumas instituições particulares lançam mão de medidas punitivas como advertência e suspensão. A prevenção se dá por meio de palestras, dinâmicas em sala de aula e orientação oral ou escrita sobre o uso saudável dos meios digitais – já que parte do bullying ocorre on-line. Privadas – Apesar da estimativa alarmante, as escolas particulares ouvidas pela reportagem de VEJA.com frisaram que são raros os casos de bullying dentro de seus muros. O combate ao problema é feito pelos professores ou por palestrantes convidados. “Discutimos o assunto com os estudantes num curso específico e endereçamos cartilhas sobre cyberbullying aos pais”, conta Cristiana Assumpção, coordenadora de tecnologia na educação do colégio Bandeirantes, de São Paulo. “A ideia é que o conteúdo seja reforçado em casa.” A solução de conflitos tem início com uma tentativa de diálogo. “Quem nos avisa do bullying, em geral, é a vítima. Se o problema ainda não tiver tomado um grande