budismo
Alfeu Garcia Junior
Há três anos vimos pesquisando a linguagem das escolas de samba com ênfase sobre o aspecto lexical, com a intenção de investigar a forma como a comunidade do samba organiza simbolicamente o mundo, a partir de seu ethos e de sua experiência vital. Integrado a um trabalho de dimensões mais amplas, que virá a ser apresentado à comunidade acadêmica como tese de doutorado, o objetivo dessa investigação estabelece como ponto de culminância a produção de um dicionário, elaborado, relativamente à sua macro e microestruturas, de acordo com os pressupostos técnicos da lexicografia, e de rigorosas premissas lexicológicas, amparadas pela morfossintaxe e pela semântica descritiva.
É através do diassistema “língua” que o homem, enquanto ser, ator e sujeito social, depreende o mundo, através de sua experiência vital, e o manipula, organizando-o simbolicamente. De igual sorte, por meio deste mesmo código diassiste-mático, adquire, produz e transforma a cultura, expandindo-a e armazenando-a através do subconjunto lexical, o vocabulário, simultaneamente depositário e operador cognitivo-pragmático do fazer social. Dessarte, através do diassistema lingüístico, substanciado na expressão léxica, o homem opera a manutenção do ethos de seu grupo ou comunidade, realizada sob a esteira da experiência sócio-histórico-cultural, o que lhe permite estabelecer a ótica através da qual vislumbra o mundo, interpreta os fatos, interage com seu semelhante, transforma a realidade e perpetua sua tradição. Em razão da dimensão da importância do vocabulário e de seu papel no estabelecimento do homem diante da sociedade, pois que o ator social “age” através do discurso, o estudo do vocabulário constitui-se como um caminho para a compreensão do homem, histórica e socialmente instituído, percurso este que, configurado sob a égide de parâmetros epistemológicos e metodológicos pressupostos