bruna
Alguma coisa no moço era diferente, visto que ele sempre voltava. Seus tênis eram surrados, de um jeito que ela nem gostava. Paula era metódica demais. Drico era preocupado de menos. Muito menos.
Além do tênis, tinha também a mania de exaltar a liberdade. Ele dava discursos e mais discursos sobre como o desapego era a chave do sucesso. Paula ria e todas as vezes, continha a vontade de falar sobre a historia que eles tinham e não tinham. Aquilo sim era um exemplo perfeito de desapego de anos.
Dizem que tudo nessa vida é uma questão de saber o timing perfeito. O deles passou voando no primeiro beijo. Ou nem existiu.
O que tinha ali era o meio de todas as outras coisas. Eles se abasteciam para o que vinha depois. Sempre sinceros, entrelaçando seus corpos durante a noite sem a menor culpa. O encaixe era como um quebra cabeça. A segurança perfeita de não ter que lidar com algum desconhecido. Drico sabia o que não podia em todos os níveis. Sabia até a hora de parar de falar e escutá-la. Poucos sabiam a hora que Paula desabafaria algo que vinha do fundo da alma. Nessa questão de timing, ele era perfeito.
Depois de alguns anos, a conhecia até de costas e ponta cabeça no meio de uma multidão. “Você pode escrever a minha biografia, Paulinha”, disse a ela depois de seis ou sete cervejas. E esse foi o elogio mais bonito, vindo de quem não é nada na vida dela, mas é quase tudo entre um respiro e outro.