Brigas por bobagem
Recentemente fiz referencia nesta coluna a uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha com três mil pessoas que indicou que os casais brigam por volta de dez minutos por dia e em média 312 vezes por ano.
Naquela ocasião me comprometi com os leitores a abordar as possíveis causas para esse fato, por isso agora dou continuidade ao assunto.
Na analise anterior eu dizia que um dos motivos para que os casais briguem tanto é que se habituaram a fazê-lo. Isto é, muitas pessoas não foram educadas a conviver com diferenças de maneira respeitosa. Não sabem, por exemplo, identificar uma diferença e falar sobre ela de modo claro, sucinto e objetivo. Não sabem expor o que desaprovam ou as contraria e pedir ajuda ao outro para descobrir alternativas de resolver os problemas. Não sabem consensar soluções até dar o problema por encerrado. Por terem sido mal educadas enxergam diferenças como problemas causados pelos outros e adotam atitude autoritária em defesa do próprio modo de ser.
Outro motivo que justifica o mau hábito de brigar é a própria necessidade de brigar. Explico: frequentemente os motivos que geram brigas são na verdade formas de mascarar os verdadeiros motivos. Os que ficam “escondidos” permanecem sempre sem resolver, tornam-se pendências geradoras de brigas constantes.
A briga pelo jornal que ficou espalhado na sala pode servir, por exemplo, para: vingar-se por uma traição que não foi perdoada, para testar o controle que se tem sobre o outro, para preencher um vazio que se instalou entre o casal, para aliviar a tensão gerada por insatisfações acumuladas, para provocar o outro, para colocar-se no papel de vitima e fazer com que o outro se sinta eternamente culpado, etc.
O leitor pode estar perguntando por que as pessoas vão brigar por razões diferentes das reais ao invés de resolver as coisas que realmente incomodam, não é?
Bem, em parte é porque muitas vezes as pessoas são alienadas. Vivem