Breve Hist Rico Da Assist Ncia Psiqui Trica
Durante a Idade Média, na Europa, as cidades expulsavam os loucos de seus muros. Segundo Foucault (1995), acontecia de alguns loucos serem chicoteados publicamente, e que no decorrer de uma espécie de jogo eles fossem a seguir perseguidos numa corrida simulada e escorraçados da cidade a bastonadas (p. 11). Geralmente, isso ocorria com estrangeiros, já que havia hospitais e leitos para os loucos moradores da região.
Para que os insanos fossem embora das cidades, os marinheiros os levavam para portos distantes, para que lá fossem abandonados. Era essa a Nau dos Loucos, estranho barco simbólico em busca da razão, o qual assegurava que os insensatos permanecessem prisioneiros de sua própria partida (Foucault, 1995). Assim, esses sujeitos eram rejeitados onde fossem e não tinham a possibilidade de vivenciar sua singularidade.
No século XVII, os pobres, os vagabundos, os criminosos, as prostitutas, os doentes, os loucos eram enclausurados em asilos, o que Foucault (1995) chamou de o grande internamento. Nessa época, a loucura ainda estava separada do saber médico e a exclusão dos insanos estava ligada muito mais à ordem do que à doença. Segundo Guerra (2004), nesse período, o asilo era uma instância da ordem monárquica, de cunho social, inserida na política da assistência, substituindo a ação religiosa, não se constituindo, pois, num aparato médico, mas antes, num dispositivo social (p. 26).
Havia uma preocupação em isolar todos aqueles que pudessem causar desordem social, já que a mendicância e a improdutividade eram condenadas pela burguesia desse período (Cedraz & Dimenstein, 2005). Por isso, mesmo dentro desses asilos, procurava-se evitar que os internos ficassem ociosos e obrigavam-nos a fazer trabalhos como tecer, polir e até substituir os cavalos na moinha. Ainda não havia nenhuma intenção terapêutica nessas atividades; elas eram apenas uma forma de controle social, uma solução para o pecado do ócio (Guerra,