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Sabemos que em casa podemos fazer coisas que são condenadas na rua, como exigir atenção para nossa presença e opinião, querer lugar determinado e permanente na hierarquia da família e requerer espaço que temos direito inalienável e perpétuo. Em casa, somos todos “supercidadãos”. Mas, na rua, passamos por indivíduos anônimos e desgarrados, maltratados pelas “autoridades”, sem voz, enfim, “subcidadãos”. Por isso, nosso comportamento na rua (e nas coisas públicas) é igualmente negativo, transgressor, depredador, enfim, “tudo que ficar fora de nossa casa é problema do governo”!
Não ocorreu entre nós alguma revolução que viesse harmonizar ou tornar hegemônico apenas um destes eixos em relação aos outros. Vivemos em sociedade onde se tem uma cidadania em casa, outra no centro religioso e outra ainda, extremamente negativa, na rua. O discurso dominante é muito mais o da rua do que da casa. Vindo da rua, ele vem sempre dos seus componentes legais ou jurídicos. A fala dos subordinados é muito mais o idioma da casa e da família, com apelo aos limites morais da exploração social. Já os sacerdotes produzem sempre leitura renunciatória, ou seja, discurso de “fora do mundo”. Por tudo isso, não é estranho que esta sociedade seja tão fortemente motivada pelas relações e pelas possibilidades de