brasileirada

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Nada pode dar certo se a crítica social e política é sempre incompleta. Como se pode corrigir o mundo público brasileiro por meio de leis impessoais, se não se faz simultaneamente séria crítica das redes de amizades e compadrio que permeiam toda a nossa vida política, institucional e jurídica? À crítica prática que se fala com o idioma da economia e da política pelo mundo da rua, seria preciso somar a linguagem da casa e da família e, com ela, o idioma dos valores religiosos que também operam e, por isso, determinam grande parte do comportamento profundo do nosso povo. Tudo isso no sentido de somar um pouco mais a casa, a rua e o outro mundo, aproximando um pouco mais essas esferas.

Sabemos que em casa podemos fazer coisas que são condenadas na rua, como exigir atenção para nossa presença e opinião, querer lugar determinado e permanente na hierarquia da família e requerer espaço que temos direito inalienável e perpétuo. Em casa, somos todos “supercidadãos”. Mas, na rua, passamos por indivíduos anônimos e desgarrados, maltratados pelas “autoridades”, sem voz, enfim, “subcidadãos”. Por isso, nosso comportamento na rua (e nas coisas públicas) é igualmente negativo, transgressor, depredador, enfim, “tudo que ficar fora de nossa casa é problema do governo”!

Não ocorreu entre nós alguma revolução que viesse harmonizar ou tornar hegemônico apenas um destes eixos em relação aos outros. Vivemos em sociedade onde se tem uma cidadania em casa, outra no centro religioso e outra ainda, extremamente negativa, na rua. O discurso dominante é muito mais o da rua do que da casa. Vindo da rua, ele vem sempre dos seus componentes legais ou jurídicos. A fala dos subordinados é muito mais o idioma da casa e da família, com apelo aos limites morais da exploração social. Já os sacerdotes produzem sempre leitura renunciatória, ou seja, discurso de “fora do mundo”. Por tudo isso, não é estranho que esta sociedade seja tão fortemente motivada pelas relações e pelas possibilidades de

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