Brasil e o Trabalho
Ricardo Costa
A contribuição teórica do pensador marxista italiano Antonio Gramsci destaca-se por sua concepção dialética da história, ao privilegiar o estudo dos conflitos no processo histórico, evidenciando o papel ativo do sujeito na construção das relações humanas e na promoção das mudanças sociais. Compreendendo a divisão da sociedade em dominantes e dominados como resultado de um processo histórico de lutas, não natural, portanto, rechaça toda tentativa de explicar a dominação como um fenômeno perene e previamente dado, fundado na pretensa existência de uma “vontade de poder” ou de “prestígio” inerente aos homens e às nações, uma explicação tautológica e a-histórica a querer constatar, de forma acrítica, a ideia de o poder ser algo enraizado na “natureza humana”, conforme defendiam os pensadores tradicionais da política, os chamados “teóricos das elites”. Para um estudo aprofundado das relações de poder, o revolucionário italiano entendia ser necessária uma crítica inscrita na análise da totalidade histórica. Resgatando-se o princípio marxiano de totalidade, a perceber a realidade como a síntese de múltiplas determinações, a esfera política não pode ser pesquisada isoladamente do conjunto das relações sociais.
A socialização da política
Ao produzir uma obra teórica marcada pela idéia da centralidade da política na ação humana transformadora, Gramsci realizou uma profunda renovação do materialismo histórico, mas sem abandonar os seus princípios fundamentais, as determinações anteriores de Marx e Lênin sobre as relações sociais e políticas no capitalismo. Priorizou a análise das superestruturas na sociedade capitalista moderna por entender que a grande novidade surgida com o século XX teria sido a proliferação dos movimentos de massa, através do fortalecimento e crescimento dos sindicatos, associações corporativas, partidos políticos, etc. Tais “fatos novos” constituiriam um processo de “socialização da