Br 319
Leonardo Colombo Fleck 2 Artigo elaborado para livro organizado pelo Programa BECA/IEB. Introdução A construção e a pavimentação de estradas na Amazônia têm levantado intenso debate nas três últimas décadas. Se, por um lado, são importantes para o desenvolvimento econômico regional (Perz et al., 2007), por outro, estão entre os principais fatores indutores do desmatamento e da degradação ambiental (p. ex., Pfaff, 1999; Kaimovitz & Angelsen, 1998; Alves, 2002; Soares-Filho et al., 2006a). Ainda assim, são raros ou inexistentes os projetos que são analisados de maneira abrangente, com considerações sobre os benefícios e custos econômicos, sociais e ambientais, diretos e indiretos, tanto do projeto como de suas alternativas. Nesse contexto, em 2005 o Governo Federal anunciou a recuperação da Rodovia BR-319 (Figura 1), no Estado do Amazonas. Esta rodovia, construída pelo exército na década de 1970 durante a ditadura militar, teve como principal objetivo a ocupação do território e a exploração dos recursos naturais do Norte do país. O projeto foi levado adiante sem considerações às viabilidades econômica e ambiental3, e tão logo a estrada foi construída, recebeu cobertura asfáltica, sem que isso se justificasse pelos níveis de tráfego projetados (Fearnside & Graça, 2006). Seu acesso foi aberto em 1973. O alto custo de transporte entre Manaus e o sudeste do País, através dessa rodovia, fez com que a produção industrial de Manaus fosse exportada por navios ou via aérea. O baixo nível de uso da rodovia reduziu o interesse por sua manutenção que, aliado ao transporte de carga acima da capacidade do pavimento, levou boa parte da rodovia a deteriorar-se por completo, a ponto de ter seu tráfego interrompido em 1986 (Fearnside & Graça 2006). Dessa forma, o projeto de recuperação busca restabelecer as condições de tráfego continuado na rodovia. Orçado em R$697 milhões, encontra-se