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Deem uma alavanca a um homem e ele moverá o mundo, dizia Arquimedes. Deem a ele uma caneta, e ele mudará o mundo. Ao longo do tempo, houve homens que escreveram em defesa de seus ideais e suas convicções, outros que o fizeram para que não lhes quebrassem os dedos e outros, ainda, para arrumar um dinheirinho a fim de cuidar de sua sobrevivência e de sua família, alugando sua pena a senhores a quem outros alugavam a espada.
A história, no entanto, não pergunta as motivações de quem escreve um livro ou conta uma estória. Ela absorve os livros, e é mudada por eles. O número de pessoas que já morreram em defesa da Bíblia deve ultrapassar o número de letras do livro mais famoso do mundo, e, embora não se possa medir cientificamente a influência da Odisseia na descoberta da América, sabemos que as aventuras de Ulisses povoaram os corações e mentes de muitos dos marujos portugueses e espanhóis que participaram da Grande Travessia, e que Homero poderia ter cantado suas glórias, ou estado entre seus repórteres e cronistas, como Pero Vaz de Caminha e Luís de Camões.
Este mês o mundo está comemorando 500 anos de um grande livro e os cinco séculos que nos separam da época de um escriba singular, que nem sempre assinaria embaixo do que escreveu e acabou virando adjetivo.
Se você, prezado leitor, já foi chamado de astuto, manipulador, maquiavélico, já sabe mais ou menos de quem estamos falando. Embora o termo maquiavélico lembre o vocábulo “maquiar”, ele vem de Nicolau Maquiavel e de seu livro O Príncipe, que escreveu para Lourenço de Médicis, em uma época em que ter amigos poderosos garantia a sobrevivência de artistas,