Boaventura de Souza e Santos
Segundo Boaventura de Souza Santos, em seu livro Pela Mão de Alice (1995), vivemos uma condição de perplexidade diante de inúmeros dilemas nos mais diversos campos do saber e do viver. Que, além de serem fonte de angústia e desconforto, são também desafios à imaginação, à criatividade e ao pensamento.
Economia > Na prática econômica, a inflação, o desemprego, as taxas de juros elevadas, o déficit orçamental, a crise financeira do estado-providência, a dívida externa, "o progresso que gera o atraso" com a destruição ambiental e o crescimento das desigualdades, mostram que as propostas de bem-aventurança e prosperidade do projeto moderno, atingidas pelo desenvolvimento técnico e científico, foram incapazes de se cumprir plenamente. Como reflexo dessa condição, no campo da teoria, há a desvalorização do econômico, em detrimento do cultural e do simbólico, das micro-soluções e da individualidade como focos da reflexão. Morrem as grandes utopias e a história. Cai o muro de Berlim. O homem vai à lua e, o que antes parecia dividido, revela-se: um planeta, uma humanidade, muitos problemas sinergicamente relacionados.
Estado e política > Com a dramática intensificação das práticas transnacionais, da internacionalização da economia, da migração, das redes de informação e comunicação e a conseqüente "transnacionalização" da "lógica do consumismo" o estado passa por um processo de renovação, onde se busca avaliar qual seria o seu papel e viabilidade numa sociedade globalizada. Desponta na sociedade um novo tipo de organização não-estatal para gerir a esfera pública: as organizações não-governamentais.
Global e local > Ainda como conseqüência da intensificação da interdependência transnacional e das interações globais, observa-se que as relações sociais parecem estar cada vez mais desterritorializadas, com os indivíduos se agrupando a partir de interesses afins, como acontece nas comunidades virtuais e nos grandes centros urbanos.
Por outro lado, há também