Bloco 1 Texto complementar AULA 1 sem slides PERRAULT 2005 Pr logo Introdu o A Origem do Capitalismo
11272 palavras
46 páginas
OrganizaçãoGilIes Perrault
o LIVRO
NEGRO DO
CAPITALISMO
Tradução de
ANA MARIA DUARTE
EGITO GONÇALVES
JOANA CASPURRO
LEONOR FIGUEIREDO
4ª EDIÇÃO
EDITORA
RIO
DE
RECORD
JANEIRO
•
2005
SÃO
PAULO
PRÓLOGO
GILLES PERRAULT
Bem-aventurado capitalismo! Não anuncia nada e jamais promete alguma coisa. Nada de manifestos nem de declarações em vinte pontos programando a felicidade de "pronta entrega". Ele o esmaga, o estripa, o escraviza, o martiriza - enfim, o decepciona? Você tem o direito de se sentir infeliz mas não decepcionado, pois a decepção supõe um compromisso traído. Aqueles que anunciam o amanhã cantando por mais justiça expõem-se à acusação de fraude quando a tentativa soçobra numa terrível cacofonia. O capitalismo conjuga-se prudentemente no presente. Ele é. O futuro? Entrega-o de livre vontade aos sonhadores, aos ideólogos e aos ecologistas. Também os seus crimes são quase perfeitos. Nenhum vestígio escrito comprovando a premeditação. O Terror de 1793 - é fácil para aqueles que não gostam de revoluções imaginar os responsáveis: as Luzes e essa irrazoável vontade de ordenar a sociedade segundo a razão razoável. No caso do comunismo, as bibliotecas estão abarrotadas de obras que o incriminam. Nada disso para o capitalismo. Não é a ele que podemos censurar por fabricar infelicidade pretendendo trazer felicidade. Não aceita ser julgado a não ser sobre o que desde sempre o motivou: a procura do máximo lucro no mínimo de tempo.
Os outros interessam-se pelo homem, ele ocupa-se da mercadoria. Já se ouviu falar de mercadorias felizes ou infelizes? Os únicos balanços que valem alguma coisa são os balanços contábeis. Falar de crimes é não ser pertinente. Evoquemos antes as catástrofes naturais. Não se cansam de os inocular com isto: o capitalismo é o estado natural da Humanidade. A Humanidade está no capitalismo como um peixe no ar. Só mesmo a arrogância fútil dos ideólogos para querer mudar a ordem das coisas, com as lamentáveis conseqüências cíclicas que