Biomembranas
INTRODUÇÃO
Desde a origem da vida os seres vivos necessitaram interagir com o meio que os cercam. Entretanto, o meio ambiente e suas substâncias não poderiam ser incorporadas integralmente. Por isso moléculas úteis passaram a ser absorvidas e mantidas na quantidade exata, enquanto que as pouco necessárias foram excluídas do ciclo de vida dos organismos durante toda a evolução[1]. Conseguir manter uma diferencia crucial entre o meio intra e extracelular foi o primeiro passo para o surgimento da vida. A partir dai surgiram as características que hoje os cientistas utilizam para classificar os seres vivos das substâncias que não possuem vida. A saber, as mais importantes são: composição química complexa, compartimentação, metabolismo, crescimento, reprodução, hereditariedade, excitabilidade, adaptação, mutação e (com exceção dos vírus) organização celular[1]. A membrana plasmática, além de outros envoltórios, é o que permite a seletividade dos constituintes celulares. Presente nos mais diversos tipos de seres vivos, e também revestindo as organelas dos mesmos, ela é capaz de criar compartimentos. Desse modo, reações químicas podem ocorrer em locais isolados[1]. Muitos modelos foram propostos na tentativa de explicar a morfologia e fisiologia das membranas. Mas, testes experimentais rigorosos mostraram que muito desses modelos eram incompletos, e, portanto, deveriam ser abandonados[2]. Entretanto, surgiu, depois de tantos estudos, um modelo capaz de responder uma série de requisitos morfológicos essenciais para o funcionamento celular. Esse modelo, que ficou conhecido como modelo do mosaico fluido (fig. 1.1), foi proposto por SINGER & NICOLSON e é aceito até hoje. Para esses autores a membrana celular é composta por uma matriz lipídica, na qual há proteínas globulares mergulhadas parcialmente ou atravessando completamente a membrana fazendo uma ponte entre o meio intra e extracelular[2]. fig. 1.1