Biomedicina
Os signos são etiquetas que são colocadas nas coisas. Assim pensavam os sábios de Balnibarbi, nas Viagens de Gulliver. Eles propõem substituir as palavras, que, segundo eles, têm o incoveniente de variar de língua para língua, por objetos de que se serviriam para comunicar-se.(Fiorin pag.55)
A impossibilidade de funcionamento do sistema imaginado pelos sábios de Balnibarbi para substituir as palavras não é o inconveniente prático de que é preciso carregar muita coisa para falar. Quando se usa a metonímia "as velas singram os mares", velas têm o sentido de navio, porque, na fala, usa-se a parte para denominar o todo. Mostra um objeto não exprime a pertença do objeto a uma determinada classe. No léxico de uma língua, agrupamos nomes em classes. Violeta, rosa, margarida pertencem à classe das flores.(Fiorin pag.57)
A atividade linguística é uma atividade simbólica, o que significa que as palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o mundo. Por exemplo, criamos o conceito de pôr do sol. Sabemos que, do ponto de vista científico, não existe pôr do sol, uma vez que é a Terra que gira em torno do Sol. No entanto, esse conceito criado pela língua determina uma realidade que encanta a todos nós.(Fiorin pag.57)
As palavras formam um sistema autônomo que independe do que elas nomeiam, o que significa que cada língua pode categorizar o mundo de forma diversa. Os signos definem-se uns em relação aos outros. O inglês tem duas palavras, sheep e mutton, para espressar o que exprimimos com a palavra carneiro. O primeiro significa o animal, o segundo uma porção de carne do animal preparada e servida à mesa. Em português, dizemos O carneiro é gordo e O carneiro está delicioso. Em inglês, no primeiro caso, emprega-se sheep e, no segundo, mutton.(Fiorin pag.56)
A mesma realidade é categorizada de modo diferente em português e inglês. Neste, o animal e o alimento feito com o animal são vistos como duas realidades