Biologia
A façanha de descobrir o protozoário causador da tripanossomíase ocorreu num arraial de empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, no interior de Minas Gerais, onde o Dr. Carlos Chagas passou alguns meses combatendo um surto de malária. A esse protozoário deu o nome de Trypanosoma cruzi (o cruzi é uma homenagem ao Dr. Oswaldo Cruz), de quem integrara a equipe, em 1906, apenas três anos após terminar a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Seu nome completo era Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, nascido a nove de julho de 1878 em Oliveira, no oeste de Minas Gerais. Egresso do Colégio Batista, de padres, onde foi matriculado por sua mãe para que seu tempo fosse mais bem aproveitado, assumiu aos quatorze anos a responsabilidade da família atendendo a todas as vontades de sua mãe, há 10 anos viúva.
Apesar de ser avoado e distraído, características que o acompanharam por toda a vida, e que lhe valeram episódios muito divertidos, era um homem fiel às suas raízes mineiras e tranquilo, incapaz de fazer mal a um inseto, principalmente aos mosquitos, que foram seus objetos de estudos preferidos. Ao descobrir o tal protozoário, instalou seu precário laboratório em um vagão de trem, ao lado do quarto de dormir, um local infestado de um inseto chamado barbeiro que foi o alvo de suas pesquisas.
Seu filho, mais tarde, em uma entrevista a uma revista de grande circulação, informou que o caso de Carlos Chagas é inédito, pois foi “protagonista de um caso único na história da medicina: descobriu tudo a respeito de uma só enfermidade. Sabia a anatomia patológica, a epidemiologia, as formas clínicas, os meios de transmissão, a profilaxia e a sintomatologia do mal”.
Berenice morreu aos 82 anos de insuficiência cardíaca e foi ela, em 1909, o primeiro ser humano com o qual o Dr. Carlos deparou com os sintomas da moléstia. A menina contava com apenas nove meses e por conta dos cuidados do pesquisador, a pequena paciente curou-se. Trabalhava