Por muitos anos me perguntei quem eram aqueles dois, ídolos de um amigo meu. O que realmente chamava a atenção eram seus desenhos; um menino loiro, de cabelo espetado, cabeça redonda e camisa listrada e um tigre, que era tanto vivo quanto de pelúcia. Vim a descobrir seus nomes já quase adolescente, Calvin e Haroldo, quando ganhei o primeiro de meus livros da dupla, “E foi Assim que Tudo Começou”. Era um presente, então agradeci, mas na verdade eu não queria um livro, mesmo que simpatizasse com aquele em particular. “Mas enfim”, pensei, “não custa nada ler”. Não passou meia hora e já estava dando risada com as aventuras do Astronauta Spiff, do Homem-Estupendo, das partidas de Calvinbol, da relação entre Calvin e seus pais e tudo mais que Watterson escreveu. Os únicos quadrinhos que eu tinha lido até então eram Mafalda e Asterix, mas achei o Calvin muito mais engraçado que o gaulês e a menininha argentina. Aquele peste não parava quieto, sempre via as coisas de ângulos divertidos e ainda tinha um tigre de pelúcia falante, o que poderia ser melhor? A partir daí aquela dupla virou fundamental para minha vida. Comprei camisetas, relógios e, claro, mais livros. Lia as tiras que vinham no jornal na casa da minha avó, desenhava (ou pelo menos tentava) os dois nas minhas folhas de caderno e passava horas, horas dando risadas com aquela dupla. Eu sempre gostei do jeito que o Calvin foi retratado, ele porta-se como uma criança, sempre, invariavelmente, mas tem toques de adulto aqui ou ali, como nas pesquisas de IBOPE que realiza para seu pai, o que torna o menino genial. Já o Haroldo, sua dupla inseparável, a não ser quando, tão injusta e perversamente, Calvin é obrigado a ir à escola, é mais calmo, mesmo sem nunca perder uma chance de atormentar o outro ou de aprontar alguma com ele. Isso sem falar em todos os outros personagens, os pais de Calvin, sua babá, a Susie e etc. Aquilo escrito lá em cima - “O que há por traz de Calvin e Haroldo” - é bastante