Biogeografia
Na década de 30, do século XX, o Estado Novo acabava de se implantar.
A nível político vivia-se ainda, sobretudo nas cidades, o rescaldo das lutas dos últimos tempos da República,embora de uma forma muito interiorizada, pois, dada a existência de polícia política, era pouco prudenteexpressar certas opiniões.
Portugal era um país pobre, com cerca de 50% da população vivendo da agricultura, com um índice deanalfabetismo de mais de 75% para as mulheres e 70% para os homens, que assim se viam privados do direitode votar. A mortalidade infantil era grande. Sendo as famílias numerosas, era usual ouvir-se "tive seis filhosmas morreu-me um".
As comunicações faziam-se sobretudo verbalmente, pois os telefones e rádios eram escassos e a televisãoinexistente. Nas cidades, porém, havia o cinema, que atingiu, aliás, grande esplendor nessa época.
A vida dos campos - sem eletricidade, água canalizada (a água era trazida em cântaros da fonte) ou esgotos,aparelhagens elétricas ou outras máquinas - muito se devia assemelhar à vida de há centenas de anos. O ritmode vida era marcado pelo Sol, a terra cultivada pela força braçal e dos animais, a maioria dos produtos feitospelos próprios agricultores e suas famílias. Assim, uma dona de casa (que também trabalhava nos campos)semeava o linho, cultivava-o, colhia-o, espadava-o, fiava-o, tecia-o e com ele fazia camisas que os filhoslevavam orgulhosos à missa. As crianças das aldeias ajudavam a família logo a partir dos 6 ou 7 anos nostrabalhos do campo, ou, no caso das famílias mais pobres, migravam para vilas e cidades - as raparigas muitasvezes para servir de criadas na casa de pessoas ricas ou abastadas, enquanto que os rapazes ajudavam nasmercearias, dormindo sobre sacos de carvão, esperando amiúde por uma oportunidade de emigrar para o Brasil,arranjar um emprego nas obras, na Carris, na Guarda Republicana ou de se estabelecerem por conta própria.
No Norte do país as casas eram de pedra, entrando o