BICHO DE BORRACHA Era uma vez, um bicho de borracha que podia ficar de todos os jeitos com o seu corpo. Não falava, não fazia barulhos e se mexia bem devagar. Ele andava, e aí soprava um vento e ele ficava todo torto. Andava caído prum lado só. Andava para gente, mas todo tortinho. O vento parava, e aí ele andava bem direitinho, para frente e para trás. Voltava o vento e ele entortava pro outro lado. Ficava tão torto, que só conseguia andar para o lado. Endireitava de novo, e depois entortava para a frente. Andava que só podia ver o que estava no chão, embaixo e na frente dele. Até que entortou para trás. Aí, só via o que estava lá no alto, em cima dele. Depois, endireitava e andava retinho. Passeava por todos os lados e podia olhar para tudo. Ia para perto da parede, e depois se afastava para longe. Quando chegava perto da parede ficava magrinho e comprido. Andava todo esticado, ficava alto e encostava lá no teto. Longe da parede, ele engordava e andava pesado como um elefante. Até que chegava a noite e ele parava. Deitava no chão para descansar e ficava pequenininho. Quase cabia numa caixa de sapatos. Depois, crescia, se espalhava todo e ocupava um pedação do chão. Ficava pequenininho de novo e dormia. De manhã, chegava o sol. Com o corpo quentinho, ele ia acordando devagarinho, ia se espreguiçando e virava gente. E começa a conversar bem baixinho com quem estava do lado dele e abraçou todo mundo.