Betinho
Quem conta o caso é o presidente do Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep), André Spitz. “Foi um ato de ousadia. Convidamos vários presidentes, e não é que eles vieram?”, lembra ele, ressaltando que o arrojo de propor a reunião foi o primeiro passo para a criação do Coep. Antes disso, Betinho já tinha, ao lado do companheiro Carlos Afonso, hoje diretor de Planejamento e Estratégias da Rits, fundado o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em 1981.
Ao longo da vida, Betinho foi obrigado a conviver com limitações impostas pela saúde frágil. Hoje, 70 anos depois de seu nascimento e oito anos após sua morte, brasileiros e brasileiras se lembram do homem que os ajudou a apreender, recém-aportados no seu processo de redemocratização, o significado da palavra cidadania. “Ele faz uma falta danada. Era dessas pessoas, os Gandhis da vida, que se apresentam de tempos em tempos e mudam os rumos de uma comunidade, de uma nação, ou mesmo da humanidade”, diz Carlos Afonso.
Betinho não conseguia dormir com um sol daqueles: milhares de crianças trabalhando em condições de escravidão, trabalhadores sobrevivendo com suas famílias num quadro de miséria e de fome, a exploração da mulher, a discriminação do negro. Dizia que cidadania é a prática de quem está ajudando a construir os valores democráticos. Baseado nesses